-
Arquitetos: CoDA Arquitetura
- Área: 700 m²
- Ano: 2020
-
Fotografias:Joana França
-
Fabricantes: Casa dos Vidros
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) é uma organização intergovernamental composta por oito Países Membros: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Ela possui diferentes dimensões de atuação – política diplomática, estratégica e técnica – que buscam incentivar o desenvolvimento sustentável e a inclusão social na Região Amazônica. A OTCA também é responsável por promover a cooperação na pesquisa científica e o intercâmbio de informações sobre a Amazônia, ajudando a disseminar o conhecimento sobre os recursos da flora e da fauna dos territórios amazônicos.
A Amazônia brasileira tornou-se o centro do debate público brasileiro nos últimos anos. Em meados de 2019, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) alertava para um aumento de 82% no número de queimadas com relação ao ano anterior. No início de agosto, o presidente do instituto, Ricardo Galvão, pede exoneração após questionamento dos dados por parte presidência da república. Em agosto, uma névoa escura trazida por uma frente fria trazia fumaça originada nas queimadas da floresta cobriu a cidade de São Paulo, transformando o dia em noite. O quadro de descontrole generalizado do desmatamento chamou a atenção de organismos internacionais como a ONU e o presidente francês Emmanuel Macron.
Nesse contexto, de suma importância, a OTCA buscava se reestruturar não apenas em seus contextos internos, como físicos. Uma nova sede, cedida pelo Serviço de Patrimônio da União (SPU), antes ocupada pela Secretaria de Saúde do DF que estava abandonada foi passada para a Organização. Além do péssimo estado de conservação do local, havia também outro desafio, a questão orçamentária, com uma média abaixo do padrão para uma extensa área de cerca 700 m².
Assim, coube à arquitetura tentar responder de um modo eficiente e criativo a estas questões. O escritório buscou algumas estratégias para otimização dos custos do projeto. A primeira foi a reutilização e restauro de tudo que havia sido deixado no espaço, assim como elementos do acervo da própria organização, como portas, divisórias, mesas e cadeiras. Estes foram pontos chave para o desenho do layout interno.
A segunda estratégia proposta foi a retirada de todas as paredes, que subdividiam os ambientes existentes no andar, e o nivelamento do piso. Deste modo haveria maior flexibilidade espacial e a possibilidade de concentração de novos banheiros em pontos estratégicos que otimizassem o fluxo no ambiente.
O terceiro ponto é vinculado a identidade visual do espaço. Adotou-se, portanto, o uso abundante de vegetação internamente – uma solução barata e simples, que torna o ambiente mais aprazível e faz uma alusão visual ao trabalho da OTCA. Já a exposição das estruturas de concreto do espaço remete a arquitetura modernista da capital, onde o projeto está localizado. Também foram propostos painéis de OSB (Painéis compostos por tiras de madeira de reflorestamento) para algumas paredes e móveis do projeto, mantendo em evidência as preocupações ecológicas e de custos inerentes ao projeto.
A melhor alternativa encontrada para o novo piso foram as placas vinílicas. Elas foram escolhidas por terem um baixo valor por m² e serem de rápida execução. Com o material escolhido, foi possível propor diferentes desenhos de paginação, a ideia era remeter a padronagens das artes indígenas. O desenho adotado foi referente ao grafismo conhecido como Peixe Grande.
A expansão desta referência refletiu no desenho do ambiente de trabalho principal. As antigas mesas foram posicionadas em zig zag, resultando nos espaços onde foram implementados os jardins internos. Assim, a arquitetura buscou refletir em sua forma, a delicada associação entre cultura e natureza. O projeto manteve-se dentro do orçamento esperado, criou um ambiente de trabalho salubre, bem iluminado e que reflete a identidade da organização.